A formação do Sindicato dos Trabalhadores - SITRACOM BG

A organização sindical de classe dos trabalhadores setor moveleiro é precedida pelo aumento quantitativo do contingente de operários e fábricas. As condições capazes de gerar o atual sindicato situam-se no momento em que a produção de móveis passa ser em série, com contratação de mão-de-obra em quantidade devido a menor exigência de qualificação em relação à produção artesanal.

Situação essa do princípio dos anos setenta, quando o país vivia o auge do “milagre brasileiro”, com taxa de crescimento do produto interno bruto – PIB – em 14% e crescimento industrial de 15%.

É oportuno salientar que a existência de experiências associativas de trabalhadores e patronais também contribui para a organização do setor, que se encontrava vinculadas a Caxias do Sul. São exemplos: a Associação Comercial (1914), o Centro de Indústria Fabril (1962), a Câmara Júnior de Bento Gonçalves (1967), o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (carta sindical-1966) e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico de Bento Gonçalves (carta sindical-1967).

Neste contexto, as indústrias formaram sua associação com objetivo de “reunir a aproximar as empresas, pela união de seus diretores; manter a classe mobilizada, unida coesa em torno de seus objetivos comuns” em 27 de dezembro de 1973, trnasformada, posteriormente, em Sindicato das Indústrias da Cosntrução e do Mobiliário de Bento Gonçalves (Gonzatti; 1990:35).

Com relação à formação da Associação Profissional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário, o marco é o dia 01 de julho de 1974, quando houve a Assembléia de sua fundação. Nela foi aprovado o estatuto e a primeira diretoria, presidida por Nilson Larentis. Constata-se que a Associação Profissional dos Trabalhadores é formada tardiamente em relação a dos Profissionais das Indústrias.

Sua formação ocorre em meio à estrutura sindical vertical subordinada ao poder público. O Estado estabelecia exigências para o reconhecimento oficial, delegava funções e fiscalizava as atividades. Refletindo o regime político de exceção – ditadura militar – sob o qual o pa&ís se encontrava.

Esta presença numerosa gera a indagação sobre como a comissão organizadora responsável pelos procedimentos para a fundação da Associação subsistir à conjuntura autoritária e repressiva. Assim como foi possível tantos trabalhadores participarem sem sofrerem punições ou repressão, uma vez que nesta época era comum lideranças classistas do movimento operário sofrerem diferentes tipos de perseguição, tais como eliminação física (entre 1973-74, morreram 82 pessoas), prisão, demissão e intervenção nas entidades.

A resposta a essa inquietação foi obtida em depoimentos, os mesmos dizem que a formação da Associação Profissional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário foi apoiada por diretores das indústrias. Esta informação é reforçada pelo faro da comissão e a primeira diretoria serem compostas por diversos trabalhadores ocupantes de cargos de chefia.

Evidentemente que houveram dificuldades no que tange à formação da entidade, tais como a realização da Assembleia após extenuante jornada de trabalho em pleno inverno, o que é agravado pela inexistência de transporte coletivo nos bairros. Portanto, realidade bem diversa da assembleia patronal, que criou a sua associação com uma “churrascada”.

Ainda conforme o livro de registros de atas, apenas em julho de 1976 ocorreu nova Assembleia Extraordinária da Associação dos Trabalhadores, sendo a ordem do dia: “1. Apresentação do pedido de demissão da atual diretoria; 2. Eleição de nova diretoria para administrar a Associação até a obtenção de uma investidura sindical”. Lembrando que a legislação fixa em três anos o mandato da diretoria.

Consta na referida ata que somente houve o comparecimento dos membros da diretoria, que em segunda convocação (conforme previsão da CLT) elegeu o então suplente da diretoria Edvino Plizzari para presidir a entidade. A nova diretoria toma a iniciativa de realizar uma Assembleia Geral Extraordinária em 12 de outubro de 1976, com a seguinte ordem do dia: a) decidir da conveniência ou não de se pedir a investidura sindical para a Associação dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves; b) caso aprovado, discutir-se e deliberar sobre o estatuto da entidade. Isto possibilita solicitar a investidura sindical a Associação Profissional dos Trabalhadores e posteriormente a carta sindical obtida em 3 de outubro de 1977.

A partir de então, a entidade investiu-se da prerrogativa de promover a conciliação nos dissídios coletivos, sendo o primeiro a ser instaurado em 19 de fevereiro de 1978. A assembleia, sob a presidência de Plizzari, aprovou cláusulas econômicas como: índices de aumento, licença para gestantes, reconhecimento do atestado médico do sindicato, entre outros itens da pauta.

Na busca de reconstituir historicamente marcos da atuação organizada dos trabalhadores, a data de 26 de outubro de 1984, tem um significado especial pois foi o início da adoção de práticas de mobilização da categoria. Foi nesse período que começaram a ser realizadas passeatas para pressionar o patronato no sentido da revisão do dissídio coletivo. É oportuno salientar que esta ação foi antecedida por

cursos de formação sindical, realizadas pelo Sindicato nos bairros da cidade, emergindo um novo tipo de atuação de classe. Certamente que esta prática é reflexo da mobilização popular da campanha das “diretas já”, que reuniu milhões de brasileiros em praça pública na luta pela redemocratização do país.

Por sua vez, em 23 de janeiro de 1985, foi deflagrada a primeira greve geral da categoria, em uma grandiosa Assembleia Geral que culminou com uma passeata pelas ruas centrais da cidade. Esta greve parou, durante 4 dias, cerca de 90% da categoria e resultou em várias conquistas. Nela ficou evidente a combatividade dos trabalhadores, a inexperiência da direção sindical e a adoção de práticas repressivas e punitivas adotadas por alguns patrões.

Possivelmente, um dos momentos mais importantes e marcantes é o 1º de Maio desta Entidade. O Grito de Liberdade do Sindicato foi a greve ocorrida entre 23 e 28 de janeiro de 1985, pois tornou visível à sociedade seu caráter classista ao defender os interesses dos trabalhadores.

Várias lideranças destacam-se no movimento e entram para a direção do Sindicato, buscando fortalecer a entidade e suas metas. Nos anos 90, houveram várias paralisações em indústrias de móveis apoiadas pelo sindicato. Neste contexto entraram em cena novos trabalhadores que passam a dirigir a entidade sindical, liderados pelo Presidente da época Sr. Ivo Vailatti.

A nova conjuntura política nacional de luta pela redemocratização do país faz-se sentir na entidade com seu apoio aos movimentos populares. A ação sindical amplia-se com os dirigentes acompanhando as mobilizações, fiscalizando e pressionando parlamentares, para aprovação de projetos de interesse da categoria. Neste sentido merece destaque a conquista da redução da jornada de trabalho para 44 horas e a atual luta pelas 40 horas semanais.

Este envolvimento possibilitou intercâmbio com outras entidades sindicais, especialmente junto à Central Única dos Trabalhadores – CUT – , a qual a entidade é filiada, o que fez crescer o prestígio do Sindicato. São indicadores disso as palestras proferidas na sede da entidade pelo governador do Estado à época, Olívio Dutra, e do então deputado federal Paulo Paim.

A formação dos diretores e de lideranças tem sido uma preocupação da entidade para melhorar a atuação diante das transformações do mundo do trabalho e às mudanças econômicas internacionais.

Desde sua fundação, há 36 anos, as diretorias jamais deixaram de lado a essência de entidade sindical, que sempre foi maior que qualquer interesse. As conquistas sempre se deram com a manutenção de equipes, mesclando experiência e juventude, homens e mulheres.

Podemos dizer que com o passar dos anos a participação em movimentos, Romarias, Conselhos Municipais e Estaduais estão sendo constantes, sempre em busca de aperfeiçoamento, integração e socialização.

Hoje o Sitracom BG incorpora 06 categorias, abrangendo 19 Muniípios e mais de 12.000 trabalhadores em nossas Categorias, entre elas: Mobiliário, Construção Civil, Mármore e Granito, Olaria e Cerâmica e Marcenarias. Na Construção Civil, está sendo realizado desde 2011 a fiscalização em obras, com o objetivo de ajustar e conscientizar sobre o uso de equipamentos de segurança, prevenindo acidentes e preservando a vida.

Também, contamos com o Departamento de Acidente de Trabalho e doenças ocupacionais com atendimentos de profissionais da Medicina do Trabalho de Porto Alegre. Para melhor atender o seu Trabalhador, no ano de 2004, o Sitracom BG inaugurou o seu Centro de Lazer, localizado junto ao Rio Taquari, no município de Santa Tereza, a uma distância de 31 quilômetros de Bento Gonçalves. Um lugar de aconchego, encontro e lazer da família Sitracom.

A fórmula do sucesso do nosso Sindicato é a democracia com respeito e união em torno da busca da cidadania dos trabalhadores. Esta união aproxima grupos de trabalhadores que, ao longo dos anos, sempre buscou dignidade e as conquistou.

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